Resenha: As Brumas de Avalon - A Senhora da Magia

  • Editora: Imago
  • Autora: Marion Zimmer Bradley
  • Páginas: 248
  • Titulo Original: Mistress of Magic
  • Nota: 
  • Skoob

A Senhora Da Magia

Sinopse:
Neste enorme e emocionante romance, a lenda do rei Artur é contada pela primeira vez através das vidas, das visões e da percepção das mulheres que nela tiveram um papel central. Igraine, Viviane, Guinevere, Morgana. Elas revelam, com as suas vidas e sentimentos,a lenda de Artur, como se fosse nova de, ao mesmo tempo, levam o leitor a integrar-se na história, de maneira natural e profunda. Assim, esta obra proporciona uma narrativa soberba de uma lenda, e a recriação dessa lenda, bem como a brilhante contribuição para a literatura do ciclo arturiano.





Escrito em 1979 pela americana Marion Zimmer Bradley é uma obra que retrata a história do Rei Arthur, porém do ponto de vista das mulheres da época, e não dos personagens que tradicionalmente são os protagonistas.
Bradley nasceu em Albany, Nova Iorque, na década de 30. Esse foi o período da quebra da bolsa, então seus pais não tinham recursos para poder oferecer uma educação de qualidade. Trabalhou desde muito pequena como garçonete e faxineira, sua paixão pela escrita teve início no seu aniversário de 16 anos, quando ganhou de presente da sua família uma antiga máquina de escrever. Para manter sua família teve que se tornar uma escritora de sucesso fácil, escrevendo contos de sexo e sensacionalismo para revistas da época, chegando a se associar a um grupo de ativistas lésbicas, o Daughters of Bilitis.
Ao escrever As Brumas de Avalon Bradley atingiu o reconhecimento mundial, sendo uma das autoras mais lidas do mundo. Escreveu depois alguns livros seguindo o mesmo estilo literário, porém nenhum fez tanto sucesso como As Brumas de Avalon.
O primeiro livro da séria retrata, principalmente, as sub-tramas de Viviane, Igraine e Morgana.
Viviane é a Senhora de Avalon, uma ilha onde é pregada a religião Celta que muitas vezes no decorrer do livro entra em conflito com o cristianismo. Avalon é tratado como um mundo perdido, onde só se entra se você souber o caminho ou estiver acompanhado de quem sabe, sendo impossível encontrar por vontade própria. É vista como sendo a própria encarnação da deusa mãe, embora seu corpo seja pequeno e frágil, utiliza-se da magia para impor sua presença assim respeitada por todos.
Igraine é irmã de Viviane. Foi entregue em casamento para o Duque da Cornualha contra a sua vontade. O livro começa retratando o seu casamento. Ela é espancada e humilhada pelo seu marido durante algum tempo, porém, acaba traindo-o com o futuro rei e, no fim das contas, acaba se tornando uma rainha.
Mostra-se no começo da história sendo uma personagem muito incerta sobre qual religião deve acreditar e como se deve comportar, pois seu marido mais velho é católico e ela é descendente de Avalon. Mesmo não sendo criada como discípula em Avalon, chega a utilizar da magia do seu povo, mas depois acaba se tornando uma cristã e após a morte de seu segundo marido, acaba por viver em um convento.
O Duque, no começo, respeita as opções da mulher, mas no decorrer da história essa atitude muda após uma espécie de assembléia para a escolha do novo grande-Rei. Igraine conhece Uther Pedragon, um jovem guerreiro que sobre influencias de Viviane e de Merlin acaba de apaixonando por Igraine. Morgana, também muito apresentada como Morgana das Fadas, é filha de Igraine e o velho Duque. É criada por Viviane na ilha de Avalon.
O final do livro se concentra em Morgana, a qual se torna sacerdotisa da deusa mãe e serve a Igraine. Entrega a sua virgindade em um ritual onde o novo rei deve fazer o casamento com a terra, mas o que ela não sabia é que o novo rei é o seu irmão.
Revoltada com Viviane o livro termina com Morgana deixando a ilha de Avalon, depois de acabar recebendo conselho do povo das fadas, em um outro mundo que acaba indo por acaso.
Muito interessante o modo que é contada a história, estamos acostumados a sempre ler fatos históricos, sejam eles fictícios ou não, pelo ponto de vista masculino. Na realidade existem poucas histórias que o protagonista é uma mulher. Essa mudança de perspectiva nos dá uma nova idéia de como os fatos ocorreram, existem várias sub-tramas que envolvem a história original do livro.
Os homens da história são os que fazem parte das atitudes que irão definir o rumo da história, mas isso é posto de uma forma tão tênue e discreta que parece que as mulheres conduzem as decisões masculinas, e não o tradicional de se ter as mulheres como apenas um apoio para a história principal, a que realmente interessa.
Retratando praticamente todas as incertezas e medos femininos, Bradley conseguiu escrever uma história nova, baseada em uma história bem antiga. Recheado de conflitos de religiões e de opiniões adversas é um livro bem agradável, não é um livro fastfood, é necessário tempo para interpretar cada página. Recomendo a leitura não só pela história que é fascinante, mas também pelo estilo peculiar.

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